10 perguntas a Ricardo de Jesus (Técnico Alumni)

A Técnico Alumni é uma plataforma que permite aos antigos estudantes do Instituto Superior Técnico reconectar, reviver e relembrar os seus tempos no Técnico através do acesso a uma rede de contactos com outros Alumni. É no contexto das atividades desta plataforma que surge a entrevista a Ricardo de Jesus, ex-aluno do DEI, que hoje republicamos na íntegra.
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Ricardo de Jesus, 32 anos, é mestre em Engenharia Informática e de Computadores. Iniciou a sua carreira na software house portuguesa Premium Minds, onde manteve e desenvolveu o sistema de pagamento e faturação da empresa ibérica Telpark. A empresa mantém ainda hoje uma ligação próxima ao Técnico, através de parcerias com o NEEC e a SINFO, eventos nos quais Ricardo participou várias vezes. O seu apetite por conhecimento e novos desafios levou-o rapidamente a juntar-se à BJSS, consultora britânica que gere grandes empresas mundiais e que, na altura, procurava criar um polo informático em Lisboa. Contudo, a conjuntura e a sua própria vontade não se revelaram as mais propícias para seguir uma carreira em consultoria, o que o levou a dar um passo, na altura desafiante, para o ambiente muito mais dinâmico e energético de uma startup. Atualmente, é engenheiro de software sénior na Wellhub, onde contribui para a construção de uma solução prática e eficaz que permite às empresas implementar programas de bem-estar corporativo.
- Porquê o Técnico?
O Técnico era, e continua a ser, a escolha óbvia para um bom aluno que queira prosseguir os seus estudos, inserir-se na fronteira do conhecimento e pertencer a uma comunidade de pares interessados em criar impacto e mudança.
Na altura, ponderava uma carreira no estrangeiro, em grandes empresas da indústria como a IBM, Microsoft, Google ou Amazon, e o Técnico oferecia a reputação e credibilidade necessárias para tornar isso possível. Mal sabia eu que esse acesso não é fácil e exige rigor e excelência ao mais alto nível.
- Pode falar-nos um pouco dos seus estudos no Técnico?
O início não foi fácil. Entrei porque diziam que a área dos “computadores” era o futuro, e eu queria fazer parte dele.
As matérias iniciais, matemática, circuitos e programação, foram desafiantes, mas as cadeiras e os anos foram passando e fui encontrando o meu caminho. Entrei no mestrado com foco e determinação. Hoje sei que fiz a escolha certa.
- Qual foi a melhor parte do seu curso? E a mais desafiante?
A melhor parte foi, sem dúvida, a experiência e as competências que ganhei e os amigos que fiz. Os debates de ideias e ideologias moldaram-me e moldaram a minha atitude perante novos desafios. A rede de conexões que criei e na qual posso depender e apoiar-me. A parte mais desafiante foi, com certeza, o esforço e dedicação que um curso no Técnico exige. Lembro-me da diferença gritante de mindset em relação ao ensino secundário, e do ritmo de estudo alucinante. É preciso empenho e adaptação, mas as recompensas falam por si. Rapidamente percebi que o sucesso não vem sem entrega e dedicação, uma mentalidade que levo comigo até hoje.
- No Técnico, teve alguma figura inspiradora? Quem e porquê?
Não consigo nomear todas, mas há três pessoas que preciso destacar pelo impacto na academia, na indústria e no país:
- Dr. Arlindo Oliveira, presidente do IST durante os meus estudos, que me inspirou ao demonstrar o poder e a transformação que a tecnologia possibilita, e também pelas suas inegáveis contribuições à academia.
- Professor João Pavão Martins, referência nacional e internacional na área, que me ensinou o brio e o engenho necessários para ter sucesso.
- Dr. José Tribolet, pelo seu trabalho com o INESC e pela marca que deixou em mim como defensor da transformação e inovação digital na infraestrutura pública portuguesa.
- Qual é o seu lugar preferido no Técnico e porquê?
O Jardim das Memórias, atrás da Torre de Química, e o jardim atrás da Torre de Eletrotécnica. As mesas de matraquilhos na cave do bar de Civil. Por sentimentos de nostalgia, felicidade, despreocupação e bons momentos passados, cheios de gargalhadas, debates e camaradagem.
- Qual foi a decisão mais difícil que alguma vez teve de tomar?
Na minha carreira, foi decidir entre abdicar de uma carreira estável e confortável, com progressão previsível e padronizada numa consultora, ou arriscar tudo para saltar para o desconhecido e juntar-me a uma startup onde o sucesso dependeria apenas de mim e das minhas capacidades.
- Quais têm sido os grandes desafios da sua carreira?
Manter-me atual e atualizado. É uma área de mudanças rápidas e profundas. Hoje em dia, o impacto da Inteligência Artificial é vertiginoso e o futuro incerto. É necessário estar à frente dos acontecimentos, preparado e informado, para continuar relevante e eficaz.
- Quais são os seus planos para o futuro?
Quero manter-me na vanguarda da inovação. Pretendo contribuir para o país e para o mundo, encontrando áreas disruptivas que quebrem o status quo, melhorem padrões de qualidade de vida e empoderem as pessoas. Sou otimista em relação à tecnologia e acredito que ela pode ser a solução para os problemas atuais e futuros da humanidade. Quero fazer parte dessas soluções!
- O que o faz ter orgulho em ser alumnus do Técnico?
Foi um privilégio enorme ter podido estudar no Técnico e fazer parte da sua história e tradição. O impulso que a instituição nos proporciona, nacional e internacionalmente, é inigualável, graças ao seu prestígio e alcance. Tudo isto é possível graças à qualidade dos alunos, professores, académicos e investigadores que a compõem.
- Tem uma citação ou frase favorita?
“Mais vale feito do que perfeito.” Enquanto escrevia a tese, dei por mim numa encruzilhada frustrante: os resultados eram inconclusivos. Em parte, tinha atingido o objetivo proposto, demonstrando que as soluções existentes não eram aplicáveis ao novo paradigma. Mas o engenheiro em mim queria descobrir a solução e teimava em arranjar novas perspectivas, novos teoremas, novas abordagens. Mas a data de entrega aproximava-se e eu não podia ceder ao perfeccionismo. Foi então que recebi esse conselho. Hoje continuo a aplicá-lo muito além da tese: a indecisão é inimiga da ação. Ao esperar pelo perfeito, arriscamo-nos a deixar oportunidades escapar. Na carreira, nos negócios e na vida, às vezes é melhor simplesmente… fazer.
(imagem original: Ricardo de Jesus)