10 perguntas a Miguel Teixeira (Técnico Alumni)

A Técnico Alumni é uma plataforma que permite aos antigos estudantes do Instituto Superior Técnico reconectar, reviver e relembrar os seus tempos no Técnico através do acesso a uma rede de contactos com outros Alumni. É no contexto das atividades desta plataforma que surge a entrevista a Miguel Teixeira, ex-aluno do DEI, que hoje republicamos na íntegra.

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Miguel Teixeira é o CEO da NTT DATA Américas, uma consultora de IT Japonesa de mais de 140.000 pessoas, que opera em 51 países (um dos quais Portugal). Tem sob sua responsabilidade 16.000 pessoas que operam na maioria dos países destes continentes. Após se licenciar em Engenharia e Informática e de Computadores em 1999, fez várias pós-graduações na Universidade Católica, em empreendedorismo e Inovação, e especializou-se em gestão de equipas de alto rendimento e cultura empresarial.

Fez a sua carreira sempre em consultoras internacionais, em Portugal, Noruega, Chile, etc., sendo programador, analista, líder de projeto, manager, senior manager e partner em várias tecnologias e áreas de negócio, até chegar a CEO em Portugal nesta mesma empresa. No início de 2020 assumiu a responsabilidade da empresa no Chile, até chegar à responsabilidade regional no continente Americano que hoje ocupa.

É convidado frequentemente para painéis internacionais de liderança e gestão de pessoas, tecnologia, inovação e novas áreas de negócio. Tem como paixão a gestão de equipas e pessoas, o desenvolvimento do negócio ligados à inovação, e que impactem a sociedade numa perspetiva social.

Por último, é apaixonado pelo desporto, e já correu 30 Maratonas e fez 10 provas de Ironman. Não passa sem um podcast por dia, e lê livros que o desafiem a ser melhor e aprender a cada dia.

  • Pode falar-nos um pouco dos seus estudos no Técnico?

O IST é uma universidade de topo em Portugal e fora de Portugal. Está num patamar altíssimo, e eu não fui seguramente um dos alunos de referência. O nível de exigência é elevado, e ter feito o meu curso a trabalhar enquanto estudava também não ajudou. Tive o privilégio de ter colegas brilhantes, e também generosos, que em muitos momentos chave me ofereceram o seu tempo e conhecimento para me ajudar a ultrapassar a menor disponibilidade de tempo. Mas foram tempos únicos de aprendizagem e evolução mental que me ajudaram e continuam a ajudar, ao longo de toda a minha vida profissional.

  • Qual foi a melhor parte do seu curso? E a mais desafiante?

A parte mais desafiante foi o facto de trabalhar enquanto estudava. Não foi fácil acompanhar o ritmo dos outros estudantes, que eram sem dúvida em média mais brilhantes que eu, e tinham mais tempo disponível. Mas esta condição também me trouxe um lado muito positivo que hoje valorizo muito, pois obrigou-me a organizar-me ainda mais, a tentar encontrar formas de não ficar para trás, dando-me a oportunidade de estar em diversos grupos de trabalho, porque por não conseguir fazer sempre todas as cadeiras, ia estando em grupos de anos letivos distintos. Tudo isso me ajudou muito a ser o que sou hoje…. foi um desafio complexo, mas super valioso.

  • Qual é a sua melhor recordação do Técnico?

A minha melhor recordação foram as noites de trabalho passadas com colegas, que hoje são amigos, a tentar resolver ou entregar os projetos que faziam parte das cadeiras daquele momento. Com facilidade ou dificuldade, a amizade e a entreajuda ficaram para sempre como um marco para a minha vida. Estas amizades ainda hoje se mantêm.

  • Pode falar-nos um pouco sobre o início do seu percurso profissional?

A minha vida profissional por questões pessoais começou quase em simultâneo com o momento em que entrei no IST. Tinha já alguns conhecimentos de programação, através de mini-cursos que fiz no ensino secundário, o que me permitiu, ainda que com algum esforço, trabalhar e estudar em paralelo.

Por essa razão, aos 23 anos e ainda que sem um currículo académico tão brilhante como outros, tinha uma experiência profissional nas áreas tecnológicas e de negócio superior ao normal. Recordo-me de estar a terminar o curso e a trabalhar numa consultora onde tinha responsabilidade por uma equipa num projeto que envolvia uma série de transformações para a passagem do ano 2000…

  • Fale-nos um pouco sobre o trabalho que está a desenvolver atualmente.

Toda a minha carreira foi desenvolvida em consultoria e em 3 empresas multinacionais nas áreas de IT, passando por áreas de negócio como Banca, Utilities, Saúde, Indústria, etc. Comecei como programador e fiz a minha carreira até Partner da consultora onde estou hoje, trabalhando maioritariamente em Portugal, mas também em países como Noruega, Chile, e presentemente os Estados Unidos da América.

Atualmente tenho a responsabilidade pelo negócio da NTT DATA em 8 países nas Américas, onde tenho o privilégio de trabalhar com 16.000 profissionais a quem ajudo e com quem aprendo todos os dias. Ajudamos os países e as empresas que neles operam a digitalizar-se realizando projetos de consultoria e tecnologia que contribuem para melhorar a vida dos cidadãos e das organizações.

O sucesso do que fazemos está diretamente ligado à qualidade dos profissionais que temos e que selecionamos cuidadosamente nas melhores universidades (entre as quais o IST), integrando-os num ambiente e cultura muito próprios, que lhes permitem desenvolverem-se a nível profissional e, quero acreditar, também pessoal.

  • Qual foi a decisão mais difícil que alguma vez teve de tomar? 

A decisão mais complicada é sempre quando tenho que comunicar a alguém com boas qualidades humanas que não tem o necessário na perspetiva de conhecimento, atitude ou impacto para continuar a trabalhar na nossa empresa. É menos complicado terminar o vínculo com uma pessoa muito inteligente, mas com incapacidade de se relacionar ou falta de valores, do que com alguém que tem genuinamente bom carácter e vontade, mas não o que é necessário na componente de hard skills (nem a capacidade de os desenvolver), para que possa aportar valor e crescer numa empresa que pretende ser de alto rendimento.

  • Atualmente, como é um dia típico para si?

Grande parte do meu dia ocupo-o com as pessoas por quem sou responsável, e que são o ativo mais importante da empresa. Tento passar-lhes o que fui aprendendo, e aprender com elas. Estudar e pensar é outro dos momentos dos quais tento não prescindir. Estar com clientes também é uma prioridade. E por fim, tomar decisões que afinal marcam o caminho e a estratégia da empresa.

Tenho claro uma coisa… onde dedico o meu tempo, assim como as perguntas que faço associadas ao nível de responsabilidade que tenho, marcam o exemplo do que é mais importante e há que cuidar na companhia.

  • Quais são os seus planos para o futuro?

Voltar a Portugal, dentro de alguns anos, e se possível, ensinar o que aprendi. Gosto de estar com pessoas que querem aprender, mas também dar. Depois de muitos anos ligado à tecnologia e à consultoria, e agora numa carreira internacional com grandes desafios associados, creio que a médio prazo tenho a obrigação de passar a outros os meus erros (para que não os façam!), e alguns êxitos para que os usem como entendam no desenvolvimento das suas carreiras.

  • Que conselhos daria aos estudantes atuais?

Que se preparem para estudar a vida toda, e não vejam o IST ou outra universidade como um período de passagem. O mundo hoje anda rápido, e o mundo da tecnologia anda 3 vezes mais rápido. Há que aproveitar o período universitário ao máximo, mas prepararem-se para estudar toda a vida e para quererem saber sempre mais. Não há outro caminho para o sucesso.

  • Que conselhos daria aos estudantes do ensino secundário que estão a pensar em estudar STEM, particularmente no Técnico?

Que não pensem duas vezes. O nível de preparação mental para encarar permanentemente novos desafios e o conhecimento tecnológico são únicos, resultando num ativo precioso para a vida profissional que é também extremamente valorizado pelo mercado. Se me permitem, adicionar a componente de soft skills e melhoria de inteligência emocional nalgum momento dos estudos universitários será também um fator de diferenciação profissional.

  • Tem uma citação ou frase favorita?

“A good mind and a Good Heart are always a formidable combination."

(imagem original: Miguel Teixeira)

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