10 perguntas a Hugo Duarte da Fonseca (Técnico Alumni)

A Técnico Alumni é uma plataforma que permite aos antigos estudantes do Instituto Superior Técnico reconectar, reviver e relembrar os seus tempos no Técnico através do acesso a uma rede de contactos com outros Alumni. É no contexto das atividades desta plataforma que surge a entrevista a Hugo Duarte da Fonseca, ex-aluno do DEI, que hoje republicamos na íntegra.
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Hugo Duarte da Fonseca é um empreendedor e gestor com mais de 25 anos de experiência na área das tecnologias de informação. Atualmente, é Managing Partner da Devlop (spin-off do Técnico), uma empresa de engenharia de software que tem ajudado a digitalizar a indústria dos transportes e logística (supply chain), com 3 escritórios e cerca de 50 colaboradores em Portugal. Hugo iniciou a sua formação em Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, o que lhe proporcionou valiosas lições que moldaram a sua trajetória profissional.
Além do seu papel na Devlop, Hugo é também um dos LP's da Shilling (Founders Fund) e participa na recém criada AngelsWay. Como investidor, tem apoiado e investido em startups inovadoras como a CargoFive e Meight. A sua formação académica inclui um BlueMBA na Copenhagen Business School (em curso) e um mestrado em Inovação e Empreendedorismo na Nova School of Business and Economics (Nova SBE). Hugo tem-se destacado pela sua capacidade de criar valor tanto para os seus colaboradores como para os seus clientes. Sob a sua liderança, a Devlop tem crescido de forma sustentada, através de um plano estratégico que combina crescimento orgânico e aquisições. Recentemente, a empresa adquiriu duas outras tecnológicas, aumentando a sua carteira de clientes e volume de negócios.
Porquê o Técnico?
Por ser a melhor escola de Engenharia do país e ter esse reconhecimento e grau de exigência.
Pode falar-nos um pouco dos seus estudos no Técnico?
Gostava mais da parte "hands-on" e menos da componente teórica\formal.
Como foi estudar no Técnico?
Marcante. Num dos jantares de curso (fizemos os 25 anos recentemente) muitos partilharam que, passado alguns anos, ainda sonhavam que ainda não tinham terminado o curso ou tinham cadeiras por fazer .
O que mais leva dos seus tempos de Técnico, nas aulas ou fora delas?
Os trabalhos de grupo na "cave" do pavilhão da LEIC, e das semanas em que ficávamos todos a trabalhar até entregarmos os trabalhos. Julgo que o mindset que nos deu essa experiência foi de que conseguimos sempre os resolver problemas e ultrapassar os desafios que nos colocam. A verdadeira Escola de Engenharia, do fazer com os próprios meios e de trabalho em equipa.
Qual foi a melhor parte do seu curso? E a mais desafiante?
A mais desafiante, no final, foi terminar o curso porque já estava a trabalhar e desenvolver a minha primeira empresa com um colega do secundário e também colega de curso. Fomos co-founders nos primeiros 10 anos desta empresa, e depois fundámos uma segunda empresa.
Em que atividades extra-curriculares esteve envolvido?
Sempre fiz bastante desporto e o Técnico tinha essa vantagem. Fazia natação, participava nos torneios de futebol (fui atleta federado nas camadas jovens) e participei no início/génese do clube de Surf do Técnico, fundado pelo Stephan de Moraes. Participava nos campeonatos e conhecia todos os alunos de diferentes cursos que praticavam também Surf. Havia um bom ambiente, junto à sala de cópias em frente ao campo de futebol 5.
No Técnico, teve alguma figura inspiradora? Quem e porquê?
Na Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores (LEIC), tínhamos várias, e que se jubilaram recentemente. Entre eles, o Professor José Tribolet, Professor João Pavão Martins, Professor Ernesto Morgado, (eu estudei Inteligência Artificial, e estes professores eram os fundadores deste ramo) e o Professor Caldas Pinto que acompanhou a tese (que acabei por fazer sozinho) e que foi impecável comigo.
Qual é a sua melhor recordação do Técnico?
Os colegas e os laços que se criam durante este período. Após o curso e dentro da LEIC, tínhamos um grupo mais pequeno, os "Tarecos" que mantivemos durante bastante tempo após a licenciatura. Encontrávamo-nos com regularidade.
Pode falar-nos um pouco sobre o início do seu percurso profissional?
Desafiante por desenvolvermos um novo produto/software ligado ao shipping /supply chain de raíz, antes desta vaga de "empreendedorismo" e da Internet, mesmo antes do crash do ano 2000. Nessa altura não se falava de empreendedorismo, mas foi o que fizemos durante vários anos, a analisar, desenvolver, implementar, dar suporte e viajar para vários países onde exportamos a nossa tecnologia. Muito trabalho e muita paixão no que fazíamos, e termos imensa responsabilidade desde muito cedo. O sistema era crítico para os nossos clientes, gerindo toda a sua operação, desde a área comercial, operacional e financeira. Permitiu-nos viajar com frequência para a Holanda, Inglaterra, Espanha e outros países com base no que produzíamos em Portugal. Durante os primeiros anos fomos apenas dois colegas de curso, com base no que aprendemos no Técnico, e muita "vontade de fazer". Somos ainda uma spin-off Técnico, 25 anos depois e de várias aquisições e integrações.
Qual foi a decisão mais difícil que alguma vez teve de tomar?
Fazer o buy-out das quotas dos primeiros sócios e assumir a primeira empresa sozinho, depois de 11 anos do início do projeto.
Quais são os seus planos para o futuro?
Continuar a "fazer" e participar em projetos em que possa ajudar. Ultimamente ligado a Mergers and acquisitions (M&A), investimento em startups tecnológicas e inovação e projetos de I&D, todos ligados a supply chain. Estamos numa agenda mobilizadora com o Porto de Sines, agenda Nexus, investimos na Shilling VC (Venture Capital portuguesa), investimos na recém-criada comunidade de investimento Angels way, ajudamos e investimos na Cargofive e Meight, startups portuguesas. Continuo a estudar e a aprender, atualmente a terminar o MBA (Blue MBA) em Copenhaga.
O que o faz ter orgulho em ser um alumnus do Técnico?
Continuar a fazer parte desta "família" e ter orgulho nesta escola de "conhecimento" e no papel social que representa, com o mesmo reconhecimento e grau de exigência que lhe é atribuído. O Técnico deve ter a capacidade de continuar a atrair o melhor talento e ajudar os alunos a encontrarem o seu caminho, dentro e fora da escola.
De que mais se orgulha na sua vida?
Família, assim como as "fundações" que incluem a escola e os amigos, desempenham um papel essencial. Compreender que a educação pode ser um poderoso trampolim social é fundamental, pois com empenho e determinação, é possível alcançar grandes conquistas. Além disso, é importante dar esse exemplo, transmitindo disciplina, valores, e a capacidade de trabalho para aqueles que convivem connosco, inspirando-os a também perseguir os seus objetivos.