10 perguntas a Estela Barroco (Técnico Alumni)

A Técnico Alumni é uma plataforma que permite aos antigos estudantes do Instituto Superior Técnico reconectar, reviver e relembrar os seus tempos no Técnico através do acesso a uma rede de contactos com outros Alumni. É no contexto das atividades desta plataforma que surge a entrevista a Estela Barroco, ex-aluna do DEI, que hoje republicamos na íntegra.
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Estela Barroco tem a licenciatura (pré-Bolonha) e o mestrado em Engenharia Informática e de Computadores do Técnico, concluídos em 2006 e 2007 respectivamente. Em 2021 fez uma pós-graduação em Corporate Strategy and Innovation da Stanford University, Graduate School of Business, na Califórnia. Trabalhou em Portugal até 2016, altura em que se mudou para Boston e dois anos depois para São Francisco, nos Estados Unidos da América. Natural de Lisboa, a Estela é uma cidadã do mundo que tem trabalhado com equipas espalhadas pela Europa, América do Norte, África, Ásia e Oceania. Com uma paixão por desafios e aprender coisas novas, tem experiência em consultoria e empresas do sector público e privado, com destaque nas indústrias de FinTech, seguros, advocacia, energia e aeroespacial. Adora criar soluções tecnológicas que melhorem a vida das pessoas.
- Porquê o Técnico?
O Técnico é a melhor universidade de engenharia em Portugal e como tal era para mim a primeira escolha. Seguindo uma abordagem muito prática, escolhi Engenharia Informática por ser uma área emergente e diferenciadora, repleta de oportunidades e garantias de empregabilidade. É também uma área que se alinha com uma das minhas maiores competências: o raciocínio lógico.
- Como mulher, como foi estudar no Técnico?
Entrei na LEIC (Licenciatura em Engenharia Informática e Computadores) em 2001 com cerca de 180 outros alunos, dos quais apenas 20 (11%) eram mulheres. Esta diferença coloca desafios sociais, mas a novidade passa, a diferença esbate-se e a colaboração estabelece-se. O curso é intenso para todos e isso levou a que muitos dos inscritos não tenham regressado das primeiras férias de Natal. Eu optei por me colocar a seguinte questão: gosto do que estou a aprender ou não? A resposta era um claro sim, portanto, nunca mais olhei para trás.
- Qual foi a melhor parte do seu curso? E a mais desafiante?
Aprendi imenso, expandi os meus horizontes e fiz amigos para a vida, que sigo com carinho e orgulho, mesmo que não estejamos tão próximos como gostaria. Claro que houve dias muito desafiantes, não só devido à exigência dos semestres mas também pela complexidade de algumas cadeiras. No Técnico ganhei ferramentas para a vida – questionar, experimentar e ajustar, a abordar problemas de forma criativa e encarar o "impossível" como um desafio a ser ultrapassado.
- No Técnico, teve alguma figura inspiradora? Quem e porquê?
Uma das figuras mais inspiradoras para mim foi o Professor Pavão Martins na cadeira de introdução à programação. Foi a minha primeira exposição à programação e à engenharia informática. As aulas teóricas eram cativantes, envolviam muito raciocínio lógico e pudemos pôr em prática o conhecimento adquirido ao construir agentes de IA para um jogo de tabuleiro. Senti um bom balanço não só entre trabalho individual e de grupo como também entre complexidade da matéria e resultados obtidos. Para mim, esta cadeira foi fundamental para ter certeza que estava no curso certo (e não desistir pelo Natal).
- Qual é o seu lugar preferido no Técnico e porquê?
Considero um empate entre a biblioteca e as salas de computadores, ambas no pavilhão de informática (Alameda). Nas salas laboratoriais colaborei, resolvi problemas e criei laços. Já a biblioteca era um segredo bem guardado, um refúgio calmo e acolhedor, ótimo para estudar.
- Qual foi a decisão mais difícil que alguma vez teve de tomar?
Em termos profissionais, foi reinventar-me quando me mudei para os EUA. Conhecemos a fama do país como “a terra das oportunidades,” mas é também um país muito competitivo onde, sem referências locais, é difícil singrar. Durante algum tempo estive à deriva até que pedi ajuda dentro da minha rede do Técnico – esta decisão foi crucial para a minha adaptação.
- O que o faz ter orgulho em ser um alumna do Técnico?
O Técnico é uma medalha de mérito que levo comigo. Trabalhei arduamente durante 6 anos – também tirei o Mestrado em Engenharia Informática – e, simultaneamente, fiz amigos para a vida. Tenho orgulho em pertencer a este grupo de pessoas incríveis.
- Que conselhos daria aos estudantes atuais?
Os primeiros 2 ou 3 anos são os mais difíceis porque a abordagem ao ensino universitário é muito diferente da do secundário. Temos algumas cadeiras mais genéricas que não nos cativam tanto mas que são necessárias para podermos crescer. É um desafio, mas se gostas de engenharia, estás no sítio certo! Respira fundo e recorda o motivo que te trouxe aqui. Com o tempo, tudo se torna mais fácil.
- Que conselhos daria às raparigas que estão a pensar em estudar STEM, particularmente no Técnico?
STEM é uma linguagem universal que abre as portas do mundo. E o Técnico é um ótimo lugar para a aprender. A minha mãe licenciou-se em Engenharia Química no Técnico e na altura era das poucas mulheres nesta universidade. Hoje em dia esse curso reverteu essa tendência e outros estão a seguir o mesmo caminho! Por isso, tenho confiança no progresso da sociedade e espero que em breve o género não seja sequer tema quando se trata de escolher STEM, e Informática em particular.
- Tem uma citação ou frase favorita?
“A única constante é a mudança” – de Heraclito de Éfeso. É vital alimentar a curiosidade e continuar a aprender – no fundo, mantermo-nos engenheiros!
(imagem original: Técnico Alumni)