Fala-nos um pouco sobre ti e do teu percurso no IST.

Sou o Javier, aluno espanhol e o mais velho de 10 irmãos. Vim para Portugal em 2013, estudei no Colégio Planalto, e mais tarde, vim fazer parte do IST. Estudei LEIC na Alameda, colaborei num projecto de investigação (DIVINA), ao qual fui convidado pelo prof. José Fragoso, e neste momento estou a acabar o primeiro ano de MEIC, seguindo as especializações de Cibersegurança e Algoritmos e Programação. Inspirado por vários professores extraordinários do DEI, comecei também a dar aulas como assistente convidado este ano, nas cadeiras de Aprendizagem, Engenharia de Software e Inteligência Artificial.

O que significou pessoalmente ganhar este prémio?

O Técnico, sobretudo para os novos alunos, pode por vezes ser um ambiente difícil, que exige que os alunos dêem um salto tanto em termos de exigência, como de maturidade e responsabilidade. No meu caso concreto, o COVID no primeiro ano foi um desafio acrescido à mudança que supõe entrar no Técnico. Para mim, este prémio foi o reconhecimento do sucesso no percurso que fiz, da adaptação e capacidade de prosperar num ambiente competitivo e de excelência, e não posso por isso, deixar de agradecer a todo o corpo docente, que possibilitou que isto fosse possível.

Por que é que prémios como este são importantes?

Prémios como este são importantes porque são manifestações concretas que motivam os alunos a procurar atingir a excelência no seu percurso académico. Para além disso, possibilitam uma maior interação com empresas, o que, por um lado facilita uma melhor adaptação das cadeiras a aquilo que o mercado de trabalho precisa, e por outro, abre a porta a que esse talento reconhecido no prémio possa ser captado por essas empresas.

Na tua opinião (além de prémios ;) ), o que pode e deve ser feito para atrair mais alunos e alunas para a Engenharia Informática e de Computadores no Técnico?

Acho que uma das vertentes é a valorização do conhecimento enquanto tal. É verdade que em Engenharia Informática no Técnico, a pessoa capacita-se para ser um dos melhores profissionais da área, no entanto, aquilo que encontrei transversal nos professores que me servem de referência, é um ir mais além da mera capacitação, é dar-se conta e transmitir que a Informática não é um mero aprender a trabalhar com computadores. É aprender a pensar em processos, é a capacidade de abstração, e é o desenvolvimento de múltiplas perspectivas e formas de olhar para o mesmo problema. Arthur C. Clarke descreve-o bem na sua terceira lei "Any sufficiently advanced technology is indistinguishable from magic.". No caso da Informática, estamos rodeados de "magia", e não podemos perder a capacidade de deixar-nos encantar pela sua beleza, e, quem sabe, talvez contribuir com um pouco da nossa. Infelizmente, às vezes o frenesi dos trimestres dificulta este processo.

Tens algum conselho para futuros alunos e alunas de Engenharia Informática e Computadores do Técnico?

Sim, aproveitem os docentes que têm. Um dos grandes tesouros que só descobri a meio do meu percurso no técnico foi o dos horários de dúvidas. Não só facilitam a compreensão de alguma matéria que não tenha ficado clara, e que de outra forma poderia gastar 4 ou 5 vezes o tempo a tentar perceber por mim mesmo, mas também (quando possível), são oportunidades para interagir com os docentes, aprofundar, e ir mais além nas matérias em que se tem mais interesse. Isso levou-me a conhecer vários professores, e a que um deles me convidasse a colaborar num projecto de investigação.